Criação de JFE (jogos de fuga educativos) no Google Forms

(Com a devida vénia ao colega e amigo Ulisses Mota, companheiro destas lides, que muito contribuiu para o conjunto de recursos aqui apresentados.)

Uma sala de fuga (escape room) ou jogo de fuga é um jogo em que um indivíduo ou uma equipa descobre pistas, resolve quebra-cabeças e realiza tarefas numa ou mais salas, para cumprir um objectivo específico num período de tempo limitado. O objectivo é escapar do local do jogo e a duração habitual é de 60 minutos.

Normalmente, há uma história de fundo cujo enredo se vai desenvolvendo em pequenos episódios, levando o jogador ou jogadores à descoberta de diversos tipos de pistas e a resolver enigmas, para abrir caixas, armários ou portas, até encontrar a «chave» da saída.

Os jogos de fuga podem ser concebidos na modalidade de jogo electrónico, em formato digital ou em contexto real. Há também jogos de tabuleiro e livros (escape books) baseados nos mesmos pressupostos.

Jogo de fuga de tabuleiro

Inspirados nos jogos de fuga do mundo do entretenimento, os Jogos de Fuga Educativos (JGE) são uma adaptação desses princípios ao contexto educativo.

Tendo por base obras literárias ou narrativas de acção e mistério criadas para o efeito, os alunos (individualmente ou em equipa) vão desvendando uma sucessão de enigmas e/ou resolvendo problemas baseados nos conteúdos curriculares.

«O ERE [JFE] segue os princípios da gamificação, baseados nas mecânicas, estética e pensamento lúdico para envolver as pessoas, motivar à acção, promover a aprendizagem e resolver problemas com dinâmicas e mecanismos próprios dos jogos» dizem Adelina Moura e Idalina Santos no artigo «Escape Room Educativo: reinventar ambientes de aprendizagem», integrante da obra «Aplicações para dispositivos móveis e estratégias inovadoras na educação» (Ministério da Educação, 2020).

«Com esta estratégia pedagógica, os alunos podem trabalhar em equipa, desenvolver habilidades e destrezas variadas, de ordem comunicativa e interactiva, aprender a pesquisar e a organizar a informação, assim como, identificar e gerir emoções. Mas sobretudo, é uma actividade educativa que sai das rotinas da sala de aula e permanecerá memorável para os alunos», continuam estas autoras.

Os JFE podem também ser realizados em contexto real (no espaço escolar e não só) ou em formato digital, que é o foco deste artigo.

Para criar os JFE digitais, há um imenso leque de aplicações disponíveis, umas gratuitas outras pagas. Entre outras, o Thinglink, o Nearpod, o Google Sites, o Google Slides ou o Powerpoint e até o MinecraftGenially e Google Forms são as opções mais habituais.

Para os iniciantes, recomendamos o Google Forms, dadas algumas das suas inegáveis vantagens: é gratuito, relativamente fácil de configurar, permite a integração de diversos tipos de «media» e a criação de «cadeados» de forma rápida e simples, regista o desempenho dos participantes (no próprio formulário e em folha de cálculo externa), dá feed-back imediato e envia alertas por email ao seu administrador, é fácil de partilhar e duplicar e é reconfigurável, permitindo a adaptação dos JFE a diferentes contextos educativos. Condição indispensável: ter uma conta Google.
[Sobre o Google Forms, fica este excelente conjunto de tutoriais da página tutor.hugof.pt ]

Para conceber um JFE, é necessário, antes de tudo, pensar no público alvo, no(s) conteúdo(s) curricular(es) a abordar, na narrativa de suporte e nos enigmas a desvendar. O título surgirá naturalmente, depois de preencher estes pressupostos.

A estrutura de um JFE no Google Forms inclui uma sequência de «secções», intercalando «situações problemáticas» (narrativa), enigmas e reacções às respostas certas e erradas. No entanto, é aconselhável que na primeira secção se faça a apresentação do jogo e dos seus objectivos e se incluam eventuais instruções ou recomendações. Pode iniciar-se aí a narrativa ou na secção seguinte.

No final, deverá incluir-se o fecho da narrativa, o eventual prémio de conclusão (medalha virtual, diploma…) e um pequeno questionário de satisfação do(s) participante(s). Há quem insira no início os «créditos» do criador do JFE e dos elementos multimédia utilizados. Recomendamos que se reserve para isso a última secção. Eis um fluxograma de uma possível estrutura de um JFE.

Sugerimos aos interessados em lançar-se nesta aventura que comecem por experimentar e analisar alguns dos exemplos listados AQUI, prosseguindo depois na criação dos seus próprios JFE, usando os modelos que aqui se disponibilizam:
Encontram-se na internet uma multiplicidade de recursos digitais que poderão ser utilizados na criação dos enigmas e quebra-cabeças: criptografia; puzzles e outros quebra-cabeças gráficos; criadores de «fakes» (notícias, SMS, bilhetes…); códigos de barras e códigos QR; manipulação de textos; imagens, sons e vídeos livres de direitos, etc. Fica aqui uma lista que, não sendo exaustiva, é bastante diversificada.
Acima de tudo, pretende-se que esta experiência seja divertida e enriquecedora para quem a cria e para os respectivos jogadores. Bons JFE!